ZELITO NUNES, CAUSOS, DITOS E ACONTECIDOS


PAULO BERNARDO DE MENEZES (PAULO MOUCO)

Paulo é o irmão mais novo de Chico de Dedês de Ouro Velho, na Paraíba, não ouve lá essas coisas toda, daí o apelido.

Uma noite tava lá em Ouro Velho, num carteado, quando sua mãe chegou à porta do cassino pedindo a ele, dez contos pra comprar açúcar.

Pediu uma vez, duas e Paulo, nem aí, fazendo que não estava ouvindo.

Nisso, um dos companheiros o cutucou, pois ele permanecia de cabeça baixa, ignorando a presença da mãe.

— Paulo, tua mãe, tá aí, querendo falar contigo!

O que é que a senhora quer mãe?

— Quero vinte, vinte contos pra comprar açúcar!

E ele:

Inda agora era dez!

Outro dia estava jogando sinuca em Ouro Velho, quando chegou uma pessoa apressada chamando por ele.
Perguntou ao portador:

O que é que tu queres?

— Mandaram te chamar, lá na tua casa, que uma cobra mordeu a tua sogra!

Que cobra foi?

— Não sei não, parece que foi uma cascavel!

E ele, passando giz no taco:

Pense numa cobrinha pra eu ter fé nela!


Postagem: ROBÉRIO VASCONCELOS

ESTANTE DE OURO


É mais uma coluna do CLUBE DO REPENTE, que tem a finalidade de trazer toda semana um atrativo cultural para vocês seguidores e visitantes do nosso blog. Nessa coluna vamos dar dicas de livros, cds, dvds, filmes, vídeos, mp3, lps, e outras primas e raras da nossa cultura nordestina. "ESTANTE DE OURO" é um espaço para também divulgação de trabalhos dos diversos artistas e gêneros músicais e culturais de nosso País.




SOMENTE PARA VOCÊ
(trechos desse poema)

Já fiz muitas poesias
rosário de nostalgias
de minha mágoa o porque
cantei a terra, o espaço
mas este poema eu faço
somente para você.

Só pra você que me ama
você que me é tão boa
você que as vezes reclama
mas que depois me perdoa
só você que me conforta
que me espera na porta
de nosso pequeno abrigo
você que enxuga meu pranto
que se alegra quando canto
que ri e chora comigo.

Você que faz meus cafés
que me cobre de cuidado
você que lava meus pés
se acaso eu chego cansado
se com farras eu esbanjo
você, pequenino anjo,
nem sequer levanta a voz
fica de rosto vermelho
me chama dá um conselho
mas fica tudo entre nós...

(Zé Laurentino)

Postagem: ROBÉRIO VASCONCELOS
Fonte: Coletânea Poética de Zé Laurentino

VERONICA SOBRAL


O Pajeú do repente...

O Pajeú, basta chover, de repente se transforma... O rio de versos, repleto de rimas, métricas e poesia fina anuncia, através de uma canção romântica, cantada pelo som das grotas que água vem junto com palavras que a vontade de escrever, provocada pela inspiração, torna-se concreta!

Entre um garrancho e outro, uma folha, um galho, os versos fluem e se tornam orações na boca do poeta! Entre rabiscos e letras, surgem sonetos, martelos, surgem sentimentos e emoções metrificadas.

“Certa vez, uma escritora realizando uma pesquisa por aqui, dize que o Sertão é tão poético que fala “cantando”, metrificando”, “procurando ritmo!”

Assim, é o Pajeú, seja rio ou região, repleto de versos metrificados até sem querer.

João Paraibano, um dos maiores poetas que canta a natureza, escreveu e descreveu o Pajeú neste soneto:

RIO PAJEÚ


Pajeú, teu cenário me encanta
Desde a voz do vaqueiro aboiador,
Ao Verão que desbota a cor da planta,
E a abelha que bebe o mel da flor.

O refúgio da caça que se espanta
No chiado dos pés do caçador,
A romântica canção que o rio canta
Na passagem de um ano chovedor.

Quando a chuva da nuvem inunda as grotas
O volume da água banha Brotas,
E onde a curva do rio faz um U...


Nasce um pé de esperança no teu povo;
Tudo indica que Cristo quando novo
Aprendeu a caminhar no Pajeú.


E, sentindo a felicidade do povo do Pajeú, em momentos de chuva, rabisquei:


Quando a chuva visita o nosso chão

E a água escorrega sobre a terra,

A boiada, feliz, chocalha e berra.

É riqueza que chega ao Sertão.

Nosso Rio Pajeú, em turbilhão,

Sai rasgando feliz a madrugada

E o barulho do sapo, da estrada,

É possível ouvir em sinfonia.

E o Sertão, com certeza, neste dia,

Comemora, em verso, a invernada!


As barreiras do rio desaparecem

E a água, numa forte correnteza,

Toma conta do cultivo da represa,

Num instante os torrões se umedecem.

Sertanejos, no entanto, não esquecem

Que sofreram com a seca no Sertão.

Fecham os olhos e fazem uma oração

Pra que a chuva não mude de lugar.

Seguem firme, pra roça, pra plantar

A semente de amor do coração!


E viva o Pajeú... o recanto da alma de cantadores cantada por Rogaciano Leite e reafirmado por Dedé Monteiro:


Se eu morasse muito além,

Onde nada me faltasse,

Talvez que nem precisasse

Cantar pra me sentir bem.

Sofro, mas canto também

Pra tristeza se mandar.

Se ela insistir em ficar,

Eu canto a canção das dores...

Sou do Pajeú das flores,

Tenho razão de cantar!


Tive a sorte de nascer

Num chão que tanto me inspira,

Minha querida Tabira

Que me dá tanto prazer.

Se a seca me faz sofrer,

O verso me faz gozar,

Pois trago n'alma um pomar

Com frutos de mil sabores!

Sou do Pajeú das flores,

Tenho razão de cantar!

(Dedé Monteiro)


O Pajeú se faz de pedaços de um povo que canta, improvisa e, assim, torna-se concreto com versos da alma de seu povo!


Verônica Sobral

Tabira – PE

http://poetisaveronicasobral.blogspot.com/

POETA ALLAN SALES


Pinçando temas e motes nas redes sociais da internet.

Uma das coisas mais interessantes dessa coisa de fazer poesia nordestina de formas fixas é encontrar assunto para escrever. Nas redes sociais, muitas vezes, vejo frases e pensamentos que as pessoas costumam postar nos seus perfis, razão pela qual, muitas dessas ocasiões, uma simples frase pinçada dessas publicações virtuais traz em si um veio temático interessante. Uma pessoa amiga postou um desses textos falando acerca da solidão humana e seus reflexos existenciais, daí, sem alterar a frase, apenas buscando a metrificação, veio da no seguinte mote:

Não há falta na ausência / A ausência é estar em mim

Somos nós seres completos

Tudo nosso está em nós

E de dentro nossa voz

Nossos sonhos são repletos

E na busca dos afetos

Tem princípio meio e fim

Algo bom algo ruim

Só se mostra na vivência

Não há falta na ausência
A ausência é estar em mim

E na busca incessante

Nossa vida em cada dia

Um viver pela alforria

Ser intenso em cada instante

E assim ir adiante

Rumo ao sonho num confim

Ouço a voz de um querubim

Quando busco minha essência

Não há falta na ausência
A ausência é estar em mim

Pois sentir falta de alguém

Projeção do nosso afeto

Que se encontra em outro teto

E não mais do querer bem

Nossa mente vai além

E supera tudo enfim

Pois carinho é um coxim

Que sem ele é só carência

Não há falta na ausência
A ausência é estar em mim

Somos seres do universo

Somos filhos das estrelas

As carências são pra tê-las

E espantar pensar perverso

Um consolo é nosso verso

Como um som de Tom Jobim

Pois em nós um passarim

Canta com toda potência

Não há falta na ausência
A ausência é estar em mim

É fugir ou enfrentar

Entregar-se ou ir em frente

Perceber ou ser demente

Ir ao fosso ou superar

Desistir ou batalhar

Ser gigante ou ser mirim

Ser demônio ou serafim

Alcançar ou ver falência

Não há falta na ausência
A ausência é estar em mim

A poesia perdeu, o poeta dos vaqueiros, o grande Pedro Amorim.

Pedro Viera Amorim ( Pedro Amorim )

Nasceu em 18 de setembro de 1921, no sítio Surubim, na divisa do município de Itapetim-PE com Desterro-PB, mas pegou na veia a poesia Itapetinense. Reside em Itapetim há mais de 40 anos, filho de Jeronimo Correia de Amorim e de D. Teresa Maria da Conceição. Não é poeta de profissão, sua principal atividade é a agricultura. É um homem inteligente, simples, simpático e de uma boa comunicação com sua gente. Casou-se com D. Aurina, com a qual teve 7 filhos: Berenice, Beatriz, Jerônimo, Tarcísio, Aristóbolo, Cristovão e Bartira.

Das cantorias e poemas realizadas por Pedro Amorim, destaca-se “Minha casa”, que é recitado por ele e por muitos outros cantadores, nos festivais e Vaquejadas da região. (2 primeiros versos)



“Fui a casa onde criei
Meus oito filhos queridos
Mas com tristesa encontrei
Já uns cantos destruidos,
Tem de lado um umbuzeiro
E de outro um cajueiro,
No esquecido abandono,
As folhas sujas caindo,
Sinais de quem está sentindo
A separação do Dono.


Um curral desmoronando,
Uma cachoeira estragada,
Um mourão velho deitado
E o resto de uma latada,
Em cujo ponto, antigamente,
briguei com touro valente,
Vaca Braba e barbatão,
Senti com rigoridade
A navalha da saudade
Retalhar meu coração…”


POSTAGEM: Robério Vasconcelos
FONTE: blog do BELMONTENSE

UMA COLCHA CEM RETALHOS

COLUNA "NOSSOS POETAS" / ZÉ LAURENTINO

(Poeta Zé Laurentino)

MINHA HISTÓRIA

Comecei a ouvir os cantadores aos oito anos de idade, ao lado do meu pai, Seu Antonio Laurentino, que era uma espécie de patrono dos repentistas. Mas vou contar essa história em vesrsos:

Comecei a fazer versos
Aos doze anos de idade
Morando no sítio Antas
Puxinanã a cidade
Onde papai possuía
Pequena propriedade.

A casinha de papai
Era feita de alegria
Abrigo dos cantadores
Vendedores de poesia
Se uma dupla chegava
O povo se aglomerava
Tava feita a cantoria.

E eu, moleque peralta
Caçula, muito pachola
Me criei acalentado
Por acordes de viola.

Nas noites de cantoria
Eu ficava prezenteiro
Enquanto os outros meninos
Iam brincar no terreiro
Indiferentes aos versos
Beira-mar, quadrão mineiro
Eu ficava ali sentado
Boquiaberto, extasiado
Pra ouvir o violeiro.

Zé Laurentino, Campina Grande, 1985


POSTAGEM: Robério Vasconcelos
FONTE: Coletânea Poética de Zé Laurentino

COLUNA "ESTANTE DE OURO"

É mais uma coluna do CLUBE DO REPENTE, que tem a finalidade de trazer toda semana um atrativo cultural para vocês seguidores e visitantes do nosso blog. Nessa coluna vamos dar dicas de livros, cds, dvds, filmes, vídeos, mp3, lps, e outras primas e raras da nossa cultura nordestina. "ESTANTE DE OURO" é um espaço para também divulgação de trabalhos dos diversos artistas e gêneros músicais e culturais de nosso País.


Francisco Pedrosa Galvão (CHICO PEDROSA) nasceu no Sitio no Pipiri, no município de Guarabira – PB, no dia 14 de março de 1936 (Dia da Poesia e aniversário de Castro Alves). Seu pai Mestre Avelino era cantador de coco e agricultor, e sua mãe era prima legítima do cantador Josué Alves da Cruz. Estudou na escola do sítio onde morava até o 3º ano primário, o motivo da saída é relatado no poema Revolta dum Estudante. Começou a escrever folhetos de cordel aos 18 anos e vendia-os, cantando pelas feiras. Ainda foi camelô e representante de vendas, mas atualmente dedica-se exclusivamente a poesia. As andanças do poeta pelo Brasil lhe renderam um prestígio de poucos, a ponto de participar de quase todos os Festivais de Cantoria e eventos poéticos. Como os Trovadores Medievais, Chico anda de cidade em cidade – conhece o Nordeste na palma da mão – recitando e encantando platéias de todas as idades, com seus discos, folhetos e livros. Atualmente o poeta mora em Recife.

POSTAGEM: Robério Vasconcelos
FONTE: blog de Chico Pedrosa

COLUNA ZELITO NUNES, CAUSOS, DITOS E ACONTECIDOS


PINTO E FURIBA EM SERTÂNIA

Nas idas e vindas do destino, Furiba estava mais uma vez brigado com Pinto, quando uma noite, vindo de Patos, o carro faltou gasolina bem perto da travessa dos Guararapes residência oficial de Pinto, em Sertânia.

Furiba olhou no relógio, eram 11h30 da noite, posto de gasolina aberto, nem pensar, hotel muito menos!

Só havia uma alternativa – a casa de Pinto, até então seu desafeto.

E foi pra lá que se dirigiu.

Ao aproximar-se, notou que havia luz acesa no interior da minúscula moradia.

Encostou a cara nas brechas da janela e lá estava o velho amigo lendo a Bíblia, sob a luz mortiça de uma vela.

Furiba pigarreou e chamou:

– Pinto, aqui é Furiba!

Pinto assoprou a vela, foi deitar-se, e Furiba, depois de muito bater à porta da casa, terminaria a gelada noite enrodilhado dentro do velho “fusca”.

(DO LIVRO PINTO VELHO DO MONTEIRO UM CANTADOR SEM PARELHA)

Postagem: Robério Vasconcelos
Fonte: Zelito Nunes (Livro Sertão de Beiradeiro)

POETA ALLAN SALES


Uma parte da minha obra em literatura de cordel vem de uma inspiração de temas sociais, outra parte eu dedico à educação com temas da nossa história e temas de educação ambiental, finalizo esse meu espaço temático com peças de humor. Uma das que mais me pedem para declamar é um texto que escrevi em 2003, chamado Americanalhando, que versa sobre a cultura de massas “made in USA”,que vem sendo empurrada pra cima de nós desde os tempos do fim da segunda guerra mundial, quando Tio Sam resolveu consolidar sua influência nos países da América Latina.

“A cultura nasceu na Grécia e morreu nos Estados Unidos....”

(GLAUBER ROCHA)

A cultura americana

Há muito tempo invadiu

Com um monte de leseiras

Pelo mundo e no Brasil

Já tô ficando arretado

Com tanto lixo enlatado

Porra! Puta que pariu!


E tem um tal de Piu Piu

Frajola um gato safado

Que vive a fim de comer

Um passarinho viado

“Acho que vi um gatinho”

Assim fala o passarinho

Amarelo e afrescalhado


Tem o Hulk esverdeado

Que custou muitos milhões

Ele grita feito louco

Berrando a plenos pulmões

Grita tanto quase engasga

Pois a calça nunca rasga

Fica apertando os culhões


E tem heróis bem machões

Menos o homem morcego

Amigado com um boyzinho

Com Robin tem aconchego

Mas só tem herói branquelo

Não tem herói amarelo

Sem falar que não tem nêgo


Tio Sam não dá sossego

Na cultural invasão

Na canção e no cinema

Polui a televisão

Homem Aranha, rock e clip

Free Willy, Zorro e Flip

E Van Dame o maricão


Stalone é um bundão

“Xuazineguer” outra bosta

No mundo tem tanto besta

Que aprecia e que gosta

É bala e tanta porrada

E o conteúdo é de nada

É nisso que se aposta


Alienar é a proposta

Empurrar ideologia

Fazer de bom o mocinho

Que é bandido da CIA

Que está ao lado do “bem”

A imagem que convém

Mostrada com simpatia


O Batman é uma “tia”

Super Man um tabacudo

Jerry Lewis um retardado

E Popeye é um chifrudo

Leva gaia da magrela

Vive brigando por ela

Com brutamontes barbudo


E como atrapalha o estudo

Ocupando a meninada

Viciada em TV

Vai ficando alienada

Consumindo porcaria

E no lixo se vicia

Vai ficando abestalhada


E por falar na negada

Michael Jackson o mané

Ficou branco feito talco

E com cara de “mulé”

É chegado à sodomia

Praticou pedofilia

Só não crê quem não quiser


Até quando se puder

Empurram o lixo insano

Mas existe quem combate

Como meu mestre Ariano

Da cultura brasileira

Vai levantando a bandeira

Contra o lixo americano


E piora a cada ano

A invasão cultural

No cinema até na dança

Na expressão musical

Abastardam o português

Com tanta coisa em inglês

Na prosódia nacional


E o babaca acha legal

“Milk Shake” de cultura

No mundo globalizado

É só essa a impostura

Tudo americanalhado

O resto todo esmagado

Dá nojo esta ditadura


Meu coração não atura

Resiste qual Dom Quixote

À imposição do gigante

Em nós querendo dar bote

Sou mais Monteiro Lobato

Mais que Disney um literato

Que nos legou grande dote


E aqui termino sem mote

Este versinho febril

Falando das fuleiragens

De americano imbecil

Viva minha gente brejeira

E a Cultura Brasileira


Postagem: Robério Vasconcelos
Fonte: Allan Sales

2º CONCURSO NACIONAL DE POESIA DO SINTEPE


Festa de lançamento da Coletânea Poética do
2º Concurso Nacional de Poesia do SINTEPE

Local: Teatro Santa Isabel, Recife
Data: 26/04, a partir das 19h
Atrações: show com Jessier Quirino e recital com o grupo Vozes Femininas
Produção: Portal Interpoética
Informações: 2127-8858
Visite a página do Sintepe

COLUNA POESIA CÍCERO MORAES


Quem fuma não está vendo
Que tem as horas contadas

Cícero Moraes
Fumar é vício fatal,
Engana com seu prazer
Para então poder fazer
O seu efeito real,
Exerce um grande mal
Escondido nas tragadas
Substâncias mascaradas
Provocam um mal tremendo
Quem fuma não está vendo
Que tem as horas contadas.

Kayson Pires
São caracóis transitórios
Companheiros por acaso
Que ocultam do fim o prazo
De males aleatórios.
Distúrbios respiratórios
Dormência, câimbra e pontadas,
Carótidas congestionadas,
Pulmões se comprometendo,
Quem fuma não está vendo
Que tem as horas contadas.

Cícero Moraes
Nicotina e alcatrão,
E outros gases fatais
São substâncias letais
Presentes nesse vilão
Destroem o seu pulmão,
Artérias são afetadas
Coração muda as pancadas
E o corpo vai perecendo
Quem fuma não está vendo
Que tem as horas contadas.

Kayson Pires
O homem grande mentor
Da própria destruição
E faz do fumo um vilão
Lhe adicionando sabor
Vicia-se o tragador
Nas ervas bem temperadas
Doces, aromatizadas
Mascarando o mal tremendo
Quem fuma não está vendo
Que tem as horas contadas.

Cícero Moraes
O efeito é demorado
Não é tão fácil notar
Mas quando ele chegar
Seu tempo será tomado
Num hospital internado
Com injeções aplicadas
Nas veias fragilizadas
Que aos poucos vão se rompendo
Quem fuma não está vendo
Que tem as horas contadas.

Kayson Pires
Mau hálito e taquicardia,
Tosse, tontura e pigarro
Presente que o cigarro
Os oferece a cada dia
E mais uma bateria
De células contaminadas
As hemácias afetadas
O câncer vão promovendo
Quem fuma não está vendo
Que tem as horas contadas.

Cícero Moraes
Onde existe um fumante
Contamina-se o ambiente
Com a fumaça bem quente
E de mau cheiro irritante
Torna-se um ignorante
Quem fuma em áreas fechadas
Até leis foram criadas
E o fumo estão combatendo
Quem fuma não está vendo
Que tem as horas contadas.

Postagem: Robério Vasconcelos
Mote: Kayson Pires
Versos: Cícero Moraes e Kayson Pires
Fonte: BLOG DO BELMONTENSE

OS IMORTAIS DA POESIA "CEGO ADERALDO"


Aderaldo Ferreira de Araújo, mas conhecido como Cego Aderaldo, nasceu no Crato-CE no dia 24 de junho de 1878, foi um dos mais importantes poetas populares do Ceará e de todo o Brasil, seus versos e motes ainda são entoados e lidos até hoje. Conhecido por ser um poeta de respostas rápidas e raciocínio lógico, Cego Aderaldo tinha muita papidez em suas rimas e repentes.

Cego Aderaldo perdeu sua visão ainda cedo, depois de um sonho que teve em versos. Após o falecimento de sua mãe, ele resolver sair pelo nordeste fazendo suas rimas.
Faleceu aos 89 anos em Fortaleza-CE, no dia 29 de junho de 1967. Nunca casou, mas criou 24 filhos.


Em 1914, disputou um desafio com Zé Pretinho, foi um marco na poesia, essa disputa foi registrada por Firmino Teixeira do Amaral no cordel A peleja de Cego Aderaldo com Zé Pretinho.



A peleja do Cego Aderaldo com José Franco

Esta é a luta do cego Aderaldo com José Franco, também chamado Francalino, que travou-se na fazenda Trombador e foi registrada por Luís da Câmara Cascudo, em Vaqueiros e cantadores.


De folhas de oiticica
Estava um barracão bem feito
José Francalino disse:
Cantar aqui não aceito
Homem que canta em barraca
Não pode cantar direito

Com muito rogo o cantor
Aceitou sempre o assento
Mandou que eu me sentasse
Do outro lado do vento
Colocou o povo em roda
E nós ficamos no centro

Ele afinou a viola
E começou o baião
Eu afinei a rabeca
Dei a mesma entoação
Agitou-se o pessoal
Para ouvir a discussão

J — Senhores, dêem-me licença
Funcionar a garganta
Mostrar ao cego Aderaldo
A minha palavra santa
Meu eco treme a colina
Parece que o bosque canta

C — Dê-me licença, senhores
Ó riquíssima personagem
Cantar com esse cantor
Quem vem com tanta vontade
Dizendo que sua voz
Para o vento é a miragem.


Postagem:
ROBÉRIO VASCONCELOS
Diretor e editor do CLUBE DO REPENTE

Vates & Violas lançam DVD, e Zé de Cazuza lança livro.

COMENTÁRIO DO POETA ALLAN SALES

O poeta Allan Sales comentou sobre o disco Edmilson Ferreira e Antonio Lisboa, cantam Zé Adalberto.

Uma dupla talentosa
Na viola que ressoa
São dois vates nordestinos
Cuja verve além de boa
Vem da força dos antigos
O talento dos amigos
De Ferreira e de Lisboa

ALLAN SALES

COLUNA ZELITO NUNES, CAUSOS, DITOS E ACONTECIDOS

Joselito Nunes, ou como gosta de ser chamado pelos seus amigos e admiradores, Zelito Nunes, Paraibano da cidade de Monteiro-PB, da região do Cariri. Reside atualmente na cidade do Recife-PE, desde 1969. Professor, advogado, licenciado em Ciências Sociais, e funcionário público federal.
Pesquisador e escritor das melhores coisas que tem no sertão, a vida do homem simples e seus causos.
Zelito Nunes é mais um poeta que chegou na família do CLUBE DO REPENTE, com suas publicações semanalmente. Seja bem vindo poeta do CARIRI E PAJEÚ.

Postagem:
ROBÉRIO VASCONCELOS
DIRETOR E EDITOR DO BLOG CLUBE DO REPENTE

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